Energia

Transição energética justa e os desafios para o Brasil

Descubra como ocorre a transição energética justa no país, com inovações em combustíveis sustentáveis, além do compromisso global para um futuro melhor.

Por: Times de Sustentabilidade e Comunicação Corporativa da Raízen Data: 08/12/2023 Tempo de leitura: 16 Minutos

A transição energética justa é um dos principais temas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28). Este ano, o encontro que reúne representantes de países e empresas de todo mundo acontece em Dubai, nos Emirados Árabes, um dos maiores produtores de petróleo do mundo. 

Nem mesmo países de economia eminentemente petrolífera podem evitar o debate da transição energética, já que, entre as causas mais evidentes da aceleração das mudanças climáticas no mundo está o uso extensivo de combustíveis fósseis. 

Desde a 1ª Revolução Industrial, a humanidade usa esses derivados de petróleo, gás e carvão para mover indústrias, veículos e toda a economia global. De lá pra cá, a intensidade disso só aumentou, e os efeitos são cada vez mais perceptíveis.

É aí que entra a urgência climática, e a necessidade de uma transição energética.

Mas como fazer essa transição energética de forma justa, rápida e acessível para todas as pessoas e países? Esse é um desafio no mundo inteiro e o propósito da Raízen desde a sua fundação. 

Vamos entender melhor? 

 

O que é transição energética justa?

A transição energética justa é a mudança gradual das fontes de energia fósseis para fontes de energia renováveis de maneira acessível e que não deixe ninguém para trás. Afinal, o mundo todo precisa virar essa chave junto. 

Há de se destacar que, na transição energética, não existe uma “bala de prata” que resolve todos os problemas. Não há uma solução única que vá se adequar a todos os países, todas as realidades e todas as geografias ao mesmo momento

Nesse sentido, as soluções precisam ser eficazes na redução das emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE), mas também precisam ser viáveis economicamente, levando-se em consideração o grau de desenvolvimento e a infraestrutura das nações.

Há de se lembrar que, no mundo e no Brasil, ainda há regiões que lutam pelo acesso à água potável, mas onde já se usa petróleo. A transição energética justa é aquela que consegue chegar a todos os locais e a todos os cidadãos.

Além disso, é questão de justiça social reinserir populações e economias que foram historicamente baseadas na produção de combustíveis fósseis e prepará-las para a nova economia verde. 

 

Alguns exemplos

A Alemanha é o país que está liderando a transição energética na Europa, investindo em energia eólica, hidrogênio verde e outras fontes renováveis. Com isso, já reduziu 32% das emissões de GEE, e mira atingir 80% de eletricidade renovável até 2030, superando a meta da União Europeia. 

A transição energética alemã, conhecida como "Energiewende", inclui o compromisso “dispensas zero". Segundo a ONG WWF, isso significa que nenhum trabalhador será demitido em usinas e minas de carvão. Assim, assegura-se novo emprego e compensação salarial, seja com o chamado upskilling (ensinando novas competências ao trabalhador), seja com o reskilling (ou reciclagem profissional, em que ele é alocado em outra atividade).

O modelo inspira o Programa de Transição Energética Justa que está sendo aplicado no sul do Brasil. A partir dele, regiões carboníferas do Sul passarão por uma transição gradual de redução de emissões, treinamento para novos empregos, até o encerramento dessas atividades até 2040.

 

Por que a transição energética é crucial para o futuro?

A ciência já demonstrou que a ação humana está elevando a temperatura média da Terra num nível muito acima do natural. Isso está levando ao derretimento de calotas polares, elevação do nível do mar, maior frequência de catástrofes climáticas, e até ao desaparecimento de cidades litorâneas. 

O Acordo de Paris, assinado por 195 países no âmbito das Nações Unidas, visa limitar o aumento da temperatura média global a bem abaixo de 2 °C, preferencialmente a 1,5 °C nos próximos anos, em relação aos níveis pré-industriais. 

Para alcançar esse objetivo, os países signatários do acordo se comprometem a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. As principais maneiras de fazer isso são a partir da transição energética e da proteção das florestas.

 

Desafios e oportunidades na transição energética justa

Os maiores desafios da transição energética justa são a corrida contra o tempo – de forma a minimizar os impactos das mudanças climáticas – e a quantidade de recursos disponíveis para este fim. 

A União Europeia pretende atingir o status de emissões líquidas zero até 2050. O mundo todo está correndo atrás desse prazo para reduzir emissões, conter o avanço da temperatura e, claro, poder continuar fazendo negócios.

Mas nem todos os países têm recursos para investir em eletrificação de frotas ou produção de hidrogênio verde, por exemplo. Essas novas tecnologias são muito importantes, mas são caras e algumas ainda estão em fase de estudos, o que faz com que sua popularização demande muito tempo e investimento.

É aí que emerge a oportunidade de protagonismo do Brasil e dos biocombustíveis.

A matriz energética brasileira se difere da mundial por ter mais fontes de energia renováveis e limpas. 

Segundo dados da EPE de 2023, a participação das renováveis é de 47,4%, índice muito maior que a média mundial (14,1% em 2020). Boa parte dessa vantagem é devida ao amplo uso da biomassa da cana. 

 

Oportunidade para o etanol comum e para o E2G

A continuidade e expansão do uso de biocombustíveis como o etanol representa uma alternativa acessível, portanto, justa, de transição energética. 

O etanol é uma forma de futuro no presente, já que ele entrega uma considerável diminuição da pegada de carbono em relação ao combustível fóssil e está disponível em escala comercial nas bombas de postos de abastecimento por todo o Brasil. 

O etanol de cana-de-açúcar é um combustível renovável que emite cerca de 80% menos CO₂ do que a gasolina. O E2G, etanol de segunda geração, produzido a partir dos resíduos da cana, portanto, desse primeiro processo, emite até 30% menos que o etanol comum. 

Nos transportes, o Brasil já tem a maior frota flex fuel do mundo e um sólido programa de blending, que determina a mistura de etanol na gasolina e biodiesel no diesel. Isso torna o país um exemplo para outras economias.

Atualmente, a Raízen é a única empresa do Brasil atuando nas duas frentes do RenovaBio – programa brasileiro de incentivo à produção de biocombustíveis e que é tendência global de políticas públicas de descarbonização. Atua tanto como produtora e distribuidora de combustível, como gera e compra crédito com biocombustível, além de apoiar a RenovaBiode maneira ativa.

É muito mais fácil e econômico para economias em desenvolvimento investir em motores flex para adotar o etanol como combustível do que fabricar carros elétricos para todo mundo.

Além de facilitar o abastecimento com uma fonte muito mais limpa, a logística já existente para a comercialização do etanol de primeira geração os torna aliados para outras tecnologias. 

Exemplo disso é a produção de hidrogênio renovável produzido a partir do etanol, que pode abastecer veículos pesados e do Combustível Sustentável de Aviação (Sustainable Aviation Fuel – SAF, que também pode ser produzido utilizando etanol.

 

Soluções para áreas de difícil descarbonização

Entre as áreas de mais difícil descarbonização estão a aviação civil e a navegação. Projetos de eletrificar esses tipos de veículos ainda não são viáveis a curto prazo.

Dessa forma, se torna ainda mais importante o desenvolvimento de combustíveis mistos, como os biocombustíveis misturados a combustíveis fósseis. A Raízen é a primeira empresa do mundo a receber certificação do ISCC Corsia para produção de etanol com critérios sustentáveis reconhecidos e necessários para a produção do SAF. 

O transporte marítimo, com cargas ainda mais pesadas, também testa combustíveis alternativos usando o etanol na composição

A adoção de biocombustíveis e combustíveis sintéticos oferece uma alternativa viável aos tradicionais combustíveis fósseis, reduzindo as emissões de carbono. 

Além disso, o investimento em tecnologias de propulsão avançadas, como sistemas híbridos e elétricos, pode transformar a eficiência operacional das embarcações, promovendo a descarbonização progressiva.

Exemplo disso é o uso de caminhões elétricos para abastecer aeronaves nos aeroportos.

 

Como as empresas podem contribuir para uma transição justa?

As empresas desempenham um papel importante na condução de uma transição energética justa. E isso vale para empresas de diferentes portes.

De acordo com um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as grandes corporações são mais propensas a tomar medidas eficientes com relação aos recursos, oferecendo produtos e serviços verdes. Grande parte disso se dá por conta do acesso mais fácil à tecnologia verde e do maior número de obrigações legais. 

Ainda assim, as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) não ficam para trás na corrida da transição energética justa, pois já estão implementando algumas medidas para economizar energia e manter sua responsabilidade social. 

 

Redução de emissões nas empresas

A adoção de metas claras e mensuráveis alinhadas com os princípios da sustentabilidade é outra forma de empresas de médio e grande porte apoiarem a transição energética justa

Iniciativas como a implementação de práticas de eficiência energética em operações internas e a transição para fontes renováveis na cadeia de suprimentos, demonstram o compromisso da empresa com uma transição ambientalmente responsável.

Empresas inovadoras, ao adotarem um posicionamento cada vez mais voltado para a sustentabilidade, não apenas mitigam seus próprios impactos ambientais, mas também inspiram mudanças sistêmicas em direção a uma transição energética verdadeiramente justa.

 

Raízen na vanguarda da transição energética justa

Com os olhos voltados para o futuro, a Raízen tem sua estratégia conectada com a transição energética justa. Somos a maior empresa integrada de energia derivada da cana-de-açúcar em larga escala.

Investimos na ampliação do portfólio de energias renováveis, apostando no grande potencial energético da cana-de-açúcar. Hoje, a partir da cana e seguindo os princípios da economia circular, produzimos:

  • açúcar
  • etanol de primeira e segunda geração
  • bioeletricidade
  • biogás/biometano

Esse etanol, como vimos, é também matéria-prima para outros combustíveis mais sustentáveis, como os de corridas automobilísticas, de aviação ou hidrogênio renovável.

Investir no potencial da cana-de-açúcar para a transição energética não é a única solução para o mundo. Mas é a aposta da Raízen para países de clima tropical. 

Um estudo publicado na revista do MIT aponta que, nesse clima, a produção de cana-de-açúcar sustentável por gerar até 10 vezes mais energia que a energia solar considerando as mesmas áreas plantadas e de placas solares.

 

Parcerias pela descarbonização da economia

Além disso, somos parceiros de diversas empresas em suas jornadas de descarbonização. 

Via mercado livre de energia, levamos energia elétrica limpa e renovável para parceiros. Por meio de parceria com a Heineken, nossa energia renovável está chegando a várias residências, bares e restaurantes.

Nosso E2G também ajuda diferentes indústrias (farmacêutica, cosmética ou de bebidas) a oferecerem produtos mais sustentáveis aos seus consumidores finais.

 

Nossa transição energética justa começa no campo

Além de não poluir e não contribuir para o desmatamento, a produção de cana ajuda a capturar carbono da atmosfera. Estudo da Embrapa aponta que as plantações de cana capturam 9,8 MtCO₂/ano. Esse é mais um motivo para acreditarmos no potencial desse cultivo para a transição energética justa. 

Para que o nosso portfólio de derivados de cana seja de fato sustentável e justo, é preciso também atenção aos produtores. 

Entre os compromissos públicos que assumimos e que se conectam aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, estão o aumento da produção de energia renovável, o melhor uso da terra, aumento da quantidade de energia gerada por hectare de terra cultivada, e a certificação de sustentabilidade de toda a nossa produção.

Hoje, temos quase 100% da cana moída por nós totalmente rastreável. Isso significa saber como foi plantada, colhida, processada e transportada. 

Por meio de programas como Elos e Cultivar, levamos as melhores práticas em sustentabilidade e produtividade a fornecedores de cana que se unem a nós no propósito de liderar a transição energética justa no país

Leia mais em: Transição Energética: o que é e Panorama Atual no Brasil.

Conheça a Raízen

Para garantir a energia que move o mundo, temos um ecossistema integrado e
único de atuação: desde a produção e venda de energia renovável e açúcar a partir
da cana-de-açúcar, levando também essa energia para diversos cantos no mundo.

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